domingo, 17 de novembro de 2013

Infiel

Diane Lane e Olivier Matinez em Unfathful de Adrien Lyne
Já lá vão uns bons aninhos desde o Unfaithful (2002) e a brilhante interpretação de Diane Lane, a adúltera Sra. Summer, perdidamente iludida com uma paixão luxuriosa por um jovem sedutor (Olivier Martinez) francês - que se torna cliché, mas que vai funcionando no grande ecrã.
Apesar do filme, num todo, não ser propriamente magistral, funciona perfeitamente e enleva-nos na relação esquizofrénica com um moço, conhecido do nada, um marido que é um verdadeiro cavalheiro à mistura e uma criancinha adorável.
Connie Summer começa por encontrar um deleite irresistível ao chamá-lo ao seu pensamento e muito proximamente trá-lo para a dimensão corporal, deseja-o intensamente e esquece, com profundo egoísmo, os votos matrimoniais. O marido, esse poço de boas intenções é o último a descobrir e é uma personagem tão pusilânime que aprende a controlar a sensatez e dignidade ao ponto de querer varrer a sujidade para debaixo do tapete.
Nem todas as histórias seguem o mesmo fio condutor, nem todos os adúlteros se encontram em debate acérrimo entre o certo e o errado, entre o enlevo sexual e o respeito pelo cônjuge. Embora Connie tenha sido infiel, debate-se numa luta titânica, que traz uma derrota inglória para o respeitoso esposo (Richard Gere), mas que demonstra restos de alguma moralidade. Nem todos os comportamentos adúlteros se comprometem com esta linha condutora. Há os que trapaceiam sem rodeios, que chasqueiam e competem com uma gata no cio, com grandes probabilidades de lhes ganhar com honras de medalha de ouro.
Há dias vi um fulano, um homenzinho de estatura ridícula, de seus quarenta e poucos anos, que conheço como pai e esposo, senhor dono de estabelecimento comercial, enrolado com uma senhora de poucas maneiras e trejeitos de meretriz de fraca categoria. Pois é claro que toda a gente conheceu o indivíduo, todos lhe lançaram o olhar inquisidor - embora possam cometer os mesmos deslizes sem grande combate com os escrúpulos. Aqui não me parece, pois, haver qualquer resquício de dignidade, alguma luta titânica interior entre o bem e o mal. Vi um homem de índole fraca, a faltar ao respeito à família, a tudo o que nela se encerra e a escarnecer a sua própria (falta) de dignidade.

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