terça-feira, 16 de agosto de 2016

Esta moda dos filmes de super heróis



Tenho alguma pena de afirmar que sinto saudades do bom cinema. Embora continuem a fazer-se bons filmes, eles não conseguem ter o impacto que tinham há uns bons anos. Tornavam-se filmes de culto, marcavam gerações. Veja-se American History X, com as temáticas racismo e xenofobia como impulsionador principal para a trama; ou a versão nonsense do quotidiano de um mandrião, dos geniais irmãos Coen,  The big Lebowski; para não falar de The Shawshank Redemption, para quem não sabe, o filme mais bem cotado no IMDB, a par do The Godfather, até aos dias de hoje - do criador de uma das minhas séries de televisão favoritas:The Walking Dead (da qual já falei por aqui algumas vezes), Frank Darabont.  

Edward Norton, em American History X (1998), de Tony Kaye

Em 2002 Sam Raimi realizou Spiderman, com o imberbe Tobi Maguire como o subtil Peter Parker e o mundo ensandeceu. Na altura, com 16 anos, já completamente rendida ao The Lord of the Rings, vi o filme, a modos que gostei, mas passei ao lado da histeria. Longe estaria, no entanto, de pensar que seria esse filme a marcar uma mudança de paradigma no cinema mundial, a criar uma espécie de vassalagem cega a obras deste género cujos ingredientes são pardos, às vezes até grosseiros, mas eficazes: homens e mulheres fisicamente atraentes; diálogos curtos, desesperadamente facilitadores , com tiradas de humor pouco exigente; temáticas apocalípticas; excesso de CGI, criando uma espécie de pornografia de efeitos visuais; arcos,  no geral, pobres, pouco desenvolvidos e sem grande complexidade.

Spider-Man (2002), de Sam Raimi

Transportaram-se os heróis de culto da infância de algumas gerações para filmes tão tontos que me custa hoje em dia admitir que fui grande fã dos Transformers - tive até um, que acabei por perder quando mudámos de casa; do Homem Aranha e da sua Mary Jane; ou até do Super Homem. 
Há mesmo uma espécie de gente que só consome filmes de super-heróis, que arrasta a prole para uma tarde de cinema no shopping, com pipocas e refrigerantes à mistura, pois claro;  grandes fãs de Michael Bay; cujo conhecimento se perde para além das barreiras dos super-heróis ou dos vilões da BD; que crêem que Megan Fox é uma atriz de topo; que o que o que tem qualidade mete sempre porrada, tiros, carros velozes, fatos de latex ou algum material coleante. Dou por mim a pensar que vivem numa espécie de vortex de blockbusters

Transformers, de Michael Bay

Honras sejam feitas, porém, ao trabalho de excepção de Nolan, que criou um Batman à medida do imaginário dos seus fãs - o único super-herói que se vale apenas da tecnologia e metodologia de treino para combater as injustiças sociais. 

Batman Begins (2005), de Christopher Nolan




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