segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sinais dos tempos



"Metade do mundo não consegue perceber os prazeres da outra metade. "

Jane Austen

Uma das maiores mudanças ao nível social para as mulheres do nosso tempo, é a capacidade instantânea de cada uma poder exprimir-se e fazer valer a sua vontade sem ter de recorrer a ardis, aprendidos há muito, algures, talvez numa corte francesa, e trazida como herança de educação para as gerações vindouras. Hoje as mulheres detêm um desprendimento que ora lhes dá imenso jeito, que ora lhes atrasa as emoções e as embrutece ligeiramente. São os sinais de mudança e, talvez, daqui a largos anos, os sociólogos cataloguem a nossa sociedade como profundamente egocêntrica. 


Há umas semanas, em conversa trivial com um professor, discutíamos a natalidade, o estado da Nação e do Mundo, muito ao estilo corriqueiro, de isto não anda nada bem, são os sinais dos tempos, estou a ver a vida a andar para trás. Claro que se trata de um exagero, que estamos mais evoluídos do que há 100 anos e, que, à semelhança do que acontece em todas as civilizações antes de a mudança ser assimilada, há vozes que contestam e que se insurgem contra tamanho disparate. Eu, na casa dos trinta; o meu professor, uma geração acima, na casa dos cinquenta. Basta uma diferença, ilusória de 20 anos, para que o discurso se torne tendencioso e caia nos mesmos vícios e chavões. 


Ele crê que as mulheres estão egoístas. Eu creio que estão mais evoluídas e poderão ter perdido o rumo. Mas não corroboro com o cliché de que uma mulher com um apelo excessivo a si, não quererá, à partida, procriar. Como poderá um homem, um ser totalmente diferente, que percepciona o mundo através de emoções contrárias às nossas, opinar sobre uma questão tão feminina? Fez-me lembrar uns fulanos que tecem comentários sobre questões de amamentação. Pois, caros leitores, costumo dizer, em tom jucoso: cada um sabe onde o seu calo lhe dói. De resto, cavalheiros em condições têm um temperamento instruído para não esmiuçarem questões que a eles não lhes dizem respeito. 

A propósito do tema, nunca acreditei que questões de maternidade se prendessem com egoísmos nem altruísmos. Ou se deseja intensamente ou não se faz caso disso e segue-se em frente, à espera do que a vida trará, ou, simplesmente, se afasta a perspectiva da maternidade. Seja qual for o rumo que uma senhora dê à sua vida, assuntos tão delicados, não podem ser tratados com ligeireza. E, verdade seja dita, só os tolos não contestam a instrução sentimental, cheia de falhas, cuja maior agenda é a continuação da espécie. O tudo se cria está cada vez mais poeirento e enegrecido e basta-nos pensar, por escassos minutos, para perceber que a ignorância é o regozijo dos ditadores e é ela que impede o Homem, num contexto amplo e global, de evoluir. Portanto, esqueçam-se de vez as frases feitas e tolas e entenda-se, de uma vez por todas, que os desejos e ambições de cada indivíduo, só a ele diz respeito e que a reflexão é sinal de astúcia. 

sábado, 2 de maio de 2015

Deixemos os saltos em casa.

Caroline de Maigret com umas Stan Smith, tão na moda agora. 
Esta semana fui ver um concerto aqui na minha terra e eis que me pus a pensar numa questão deveras pertinete, sobre os hábitos das mulheres portuguesas, no que toca ao calçado. Pois que a maioria das senhoras opta pelos saltos altos, independentemente da ocasião pedir sapatos mais confortáveis. Bem sei que a maioria das mulheres portuguesas têm uma estatura miúdinha, e formas muito acentuadas, razão pela qual, por vezes, se sentem mais confortáveis com tacões vertiginosos. 

Toilette composta por uns sapatos Oxford.
No entanto, correndo o risco de parecer paradoxal, uns bons 12 cm numa mulher de 1,60 m, pode refletir-se numa grande desproporcionalidade. 12 cm nessa pessoa, representa cerca de 7,5% da sua altura. O que pode nem ser assustador, mas será que quer mesmo passar os seus dias e noites em cima de tamanha vertiginosidade?

Vejamos, os saltos são maravilhosos, um verdadeiro deleite para a figura, mas não sejamos gananciosas. Primeiramente, analise-se a estrutura do corpo e depois, num acto de parcimónia imensurável, experimentam-se diversas soluções até considerar o verdadeiro sapato milagroso. Com um tacão baixo, médio ou alto. 
Porém, situações há em que não há muito a fazer. É descer do salto, aceitar a altura que a fortuna nos deu e criar uma toilette digna. Senhoras em pé durante horas, num ambiente descontraído, envergando saltos de stripper - perdoem-me as meninas da área - é feio e denota alguma insegurança, para não dizer, falta de sentido estético. 

As eternas All Star numa toilette cuidada.