sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tolstói vai tendo razão.

À medida que se vai amadurecendo - desengane-se quem julga que anda a par com a idade -, compreende-se melhor como o mundo está estruturado, como os vícios são alimentados, como pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita (e os seus múltiplos sentidos figurativos) e como as mensagens de alerta são intemporais.
Pois bem que já dizia Tolstói: "Pensa-se que o ladrão, o assassino, o espião, a prostituta, reconhecendo a sua profissão como má, têm vergonha dela. Na realidade, acontece precisamente o contrário. As pessoas que, pelos seus destinos e pelos seus pecados e erros, caíram numa certa situação, por mais incorreta que seja, formam geralmente para si mesmas uma noção de vida tal que lhes permite imaginar a sua situação como boa e respeitável. Para se considerarem neste ponto de vista, tais pessoas, por instinto, aderem a círculo humano em que se reconhece como correta a noção que formaram da vida e do seu lugar nela. Este facto espanta-nos quando se trata de ladrões que se gabam da sua habilidade, das prostitutas que se gabam da depravação, dos assassinos que se gabam da sua crueldade. E apenas nos espantamos porque o círculo, ou o ambiente, dessa gente é limitado e, antes de mais, porque estamos fora dele. Mas será que acontece o mesmo fenómeno entre ricaços que se vangloriam das suas fortunas, ou seja, da pilhagem, e dos potentados que se gabam do seu poder, ou seja, da arbitrariedade? Não vemos nessas pessoas a deturpação das noções de vida, do bem e do mal, que justifica a situação delas, apenas porque o círculo que adere a essas noções deturpadas é mais amplo e porque nós próprios fazemos parte dele." excerto retirado do romance Ressurreição de Lev Tólstoi.
Alimentam-se as máquinas, defraudam-se expectativas simples e humanas em prol da mesquinhez, da mediocridade, comummente, aceite.
Assim, caros leitores, aceita-se o trabalho infantil, aceitam-se os políticos miseráveis, aceita-se a crueldade gratuita contra os seres vivos, aceita-se a degradação ambiental e aceita-se que, mesmo lendo este trecho, amanhã façamos exatamente as mesmas coisas.

Fenómenos estranhos - denim shorts.

 
 
Quem abre o blog de repente e se depara com a imagem acima, julga estar no espaço cibernético de mais uma menina, com pouco miolo, noção de estilo deturpada pelas Rihannas desta vida e com o discurso do fastidioso lol. Porém, desenganem-se e não se deixem trapacear. Hoje a conversa de tarde são os mini denim shorts- aquele pedaço de ganga que se usa com as nádegas a descoberto -, que se bailam durante a época quente, invadindo os festivais, os passeios pela tarde e até as saídas à noite, usados por miúdas e graúdas ao desbarato.
Se nos meus tempos de teenager (há poucos anos), sair de casa com tal trapo me era impossível, devido ao decoro, à vergonha, aos olhares conservadores dos vizinhos e da minha mãe, hoje parece-me que se tornou uma peça de aceitação social, dentro de determinada comunidade, uma tolice importada da América - nunca nos traz nada que se aproveite -, que as meninas aspiram e que se envaidecem em usar.
Vou escrever isto apenas uma vez e não voltarei a tocar no assunto: calções de ganga devem ser usados com prudência e nunca mais curtos do que um palmo e meio abaixo da zona das virilhas. Para além de parecer parolo (desculpem-se a crueldade, mas não encontro melhor palavra), transparece alguma ordinarice e não fica, visualmente, bem, apesar das mentes toscas o afirmarem. Virilhas e nádegas são zonas íntimas do corpo e a sua aparição deve reservar-se para momentos privados ou para a época balnear, com roupa de banho.
Para terminar -isto vale para todos os comprimentos - meninas de coxas e nádegas roliças ou com celulite visível, podem esquecer estas modas. Valham-se do que têm de melhor e não achincalhem a vossa figura.
 
 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

National Geographic de parabéns.


Capa da National Geographic Portugal,  Junho 2013
Saiu hoje, para as bancas do nosso país, mais uma edição da National Geographic Portugal, com a indicação comemorativa dos 125 anos da revista no Mundo. No princípio do mês corrente, aquando da compra da edição de Maio, lá reparei que a revista lançou uma edição especial para destacar o aniversário das suas publicações. Para além da maçada que pode representar para algumas pessoas o facto de estar em inglês, custa o 'módico' valor de dez euros. Faça-se jus à sua relevância e entenda-se que não é um valor astronómico, que uma edição desse calibre só estará nas bancas daqui a 25 anos, altura em que, se os tempos forem auspiciosos, a revista comemorará a bela idade dos 150 anos de vida.
Para quem não pretende ou não se pode dar a luxos desses, pode contentar-se com a edição para Portugal, que custa uns despretensiosos 3,50 euros, se a minha mente não me trapaceia.
E, assim de repente, sem me alongar mais, deixo os meus sinceros parabéns pelo trabalho de requinte que tem feito as delícias dos apaixonados pela Natureza. Se o tempo me for favorável e a vontade assim o permitir, depois de devorar a revista, logo vos manterei a par do que considerei de elevado interesse.
 


A primeiro edição da National Geograpgic, de Outubro de 1888. À data, uma sociedade com apenas 200 membros.


Afghan Girl, a capa mais icónica da National Geographic - Junho de 1985.


Caso de sucesso - Shu Qi em Alexander McQueen

 
 
Bem vou dizendo que as meninas asiáticas tem um sentido de estilo bem mais apurado do que as mulheres do Ocidente. Têm arrojo na medida certa - importante não entrar na excentricidade -, compleição que lhes permite diversificar muito mais nas cores, têm, num todo, um bom ar de nascença.
Shu Qi apresentou-se assim, na semana passada, num evento. Cabelo e maquilhagem sem mácula e um vestido de arrancar suspiros até a quem, como eu, não se aventura pelo amarelo. O modelo é assinatura Alexander McQueen - o que é que este atelier não faz bem? - a modelagem é algo extravagante, mas tudo na medida certa. Um decote lindo de morrer, umas manguinhas discretas para compensar o comprimento mini. Tenho pena, somente, que a cintura do vestido não tenha ficado mais evidenciada. Com uma modelagem mais cuidada, teria causado ainda mais impacto. Não concordo, também, com a carteira escolhida. Algo mais clean seria uma escolha mais sensata. Uma clutch dourada, para 'combinar' com os apontamentos das sandalinhas, faria um trabalho bem feito. Mesmo assim, a menina está de parabéns. Um amor!
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Interesses mascarados vs boas intenções

Não há senhora, mocinha ou já entradota, que não aprecie uma gentileza do sexo masculino. São as flores, os chocolates de boa qualidade, as joias à medida da carteira do cavalheiro, uma delicadeza de toda a espécie para enternecer os corações femininos.
Abordarei o assunto mais profundamente quando me for conveniente e o tempo estiver a dispor, mas há dois tipos de homens que fazem destes gestos nobres uma vantagem - os bem intencionados e os interesseiros que acobertam malignas intenções e deboches.
Não é tão incomum como se julga ouvir uma mulher comentar: «O meu marido ontem veio-me para casa com um ramo de rosas. Alguma o sacana anda a aprontar (em português delicado).» A verdade é que todos viemos ao mundo munidos de uma espécie de radar - o renegado instinto - e se nos cheira a esturro, pois o mais seguro é ficar, efetivamente, de olhos bem abertos e ouvidos bem limpos.
Por outro lado, e porque o mundo não é povoado apenas por gente miúda, há-os honestos, os bem intencionados, que oferecem pelo prazer de ver a satisfação nos olhos de uma mulher. É preciso estimá-los, porque são raros e o tempo não vai para desperdícios.
Não se melem, todavia,  as senhoras que têm por casa um homem menos levado para o romantismo. Têm certamente a sua graça e, sem querer parecer sensaborona, o que conta são mesmo as atitudes. E isso minhas amigas, ofereçam o que oferecerem, não se mascara com três cantigas por tempo indeterminado.

Meninas sem classe - Rihanna

 
 
Com os excessos que se vão tornando cada vez mais visíveis, é fácil conseguirmos encontrar uma lista vasta para um post intitulado meninas sem classe vulgo ordinarotas (os digníssimos fãs que me desculpem) de todos os dias. Ora no rescaldo de uma passagem da moça da pop por terras lusas, não poderia a menina passar incólume, comportar-se como uma senhora, fazer bem o seu trabalho e limitar-se a ir embora que gente espalhafatosa já há por aqui que nos baste.
Rihanna lá deu uso à expressão you can take the girl outta the ghetto but you can't take the ghetto out of the girl. Simulou um trivial orgasmo enquanto gritava, em vão, o nome da capital portuguesa. Classy.
Para além da tonteria da rapariga, vai de aparecer o jogador português de gosto questionável numa foto - atente-se na pose da desmiolada. Sobre isto não me irei alargar e deixo à consideração do leitor.
 
 
 

O efeito vinho do Porto - Jennifer Aniston

Hoje vou falar-vos de uma senhora que considero ser subvalorizada em variadíssimos aspetos, o que é lastimável. Jennifer Aniston, no auge dos seus 44 anos, apresenta-se com uma figura invejável. É das poucas mulheres, por Hollywood - terra dos disparates - que consegue manter uma aparência jovem, saudável e natural. Dona de um sorriso contagiante, de uma tonalidade dourada lindíssima e de belos olhos azuis, não é uma mulher deslumbrante, mas sabe tirar partido do que tem de melhor.
Se virmos fotos de Jennifer de há uns anos atrás, não notaremos quase diferenças. Soube amadurecer com classe e, arrisco-me a escrever, que está cada vez melhor. Tem uma figura linda, muito feminina, curvilínea na medida certa, umas pernas de dar inveja e sabe tirar partido do seu corpo como ninguém. É das poucas mulheres que é conhecedora da arte de vestir um vestido tubo, de bom corte, coladinho ao corpo ou mesmo um micro vestido - que lhe ficam a matar.
Ao nível profissional, embora não seja apreciadora do seu género, a verdade é que tem o condão de ser extremamente profissional e de fazer tudo bem feito. Deve-se a isso a quantidade de fãs que alimenta pelo mundo.
Uma senhora com muita classe, que sabe estar, profissional e que amadurece com muita sabedoria. É caso para dizer que esta mulher é como o vinho do Porto.





segunda-feira, 27 de maio de 2013

O momento Basic Instinct de Emmanuelle Seigner

 

Ontem apareceu, à semelhança dos últimos dias, na red carpet de Cannes mais uma senhora com pouco juízo. No seu momento Sharon Stone, Emmanuelle Seigner, esposa do talentoso Roman Polanski, apareceu nestes tristes - para não dizer outras coisas - preparos.
Não entendo como uma mulher bonita, com um porte imperial, uma tez fantástica e todo um manancial de qualidades que podem fazê-la brilhar com classe, se dispõe a aparecer em público com um trapo destes (desculpem-me o termo, mas custa-me olhar para isto sem me lembrar de um lençol enrolado ao corpo). Tudo péssimo: modelagem errada, tecido de fraca qualidade - parece-me elastano -, corte vulgar... Podia passar a noite nisto que me lembraria de mais cem razões para detestar este vestido.
Para culminar, a senhora Emmanuelle já não está na frescura dos vinte e se até às teenagers desta vida cai mal, nela fica, para além de vulgarérrimo, ridículo. Seios proeminentes, a saltar do decote (ou da inexistência dele), uma racha que deixa a descoberto as roupas íntimas e uma cor que salta à vista - criando um contraste muito forte entre a sua pele plácida e o encarnado assumido do tecido (fosse branco e o impacto era, razoavelmente, menor). Uma pena.

Meninas sem classe - Daria Argento

 
 
Por Cannes, para além da deselegância de alguns visuais, houve quem fosse para além do mau gosto aparente e perdesse a compostura. Verdade seja dita, Daria Argento nunca se comportou às mil maravilhas, não é consensual e, volta e meia, aparece nestas condições. Tenho pena. Vejo-lhe algum potencial, é uma mulher bonita, com um ar um pouco risqué, filha do mestre de terror e traz no sangue a cultura italiana que lhe confere um je ne sais quoi.
Que invista na sua alternatividade, que apareça por terras francesas com este vestido que não lembra ao Diabo - a menos que o senhor seja apreciador da discutível camisa de dormir em cetim barato -, que se despenteie, que traga em si todo um backgroud de excessos, aceita-se por questões de educação e respeito pela individualidade alheia. Mas não fica bem a uma menina este tipo de atitudes, este arrenego às boas maneiras. Se é para se fazer esta lamentável figura, fique-se em casa, a disferir palavrões e obscenidades para quem os aprecie. Não era preciso, menina Daria.   

Ainda se morre por amor?


Apesar da eminente tristeza, há sempre algo de poético na morte. Para quem não é conhecedor, Felix Mendelssohn Bartholdy, que se supõe ter-se suicidado, fê-lo, presumidamente, por amor. Ou pelo desvelo não correspondido. Histórias são facilmente montadas em cima de vidas extraordinárias ou génios imortais, é certo. Não me é, no entanto, mais fácil não sentir um honesto desconsolo por tamanho prodígio ter posto um fim à sua vida. Seriam todos eles miseráveis de infelicidade e não seria isso que desencadeava tão belas obras e o seguimento da soturnidade para composições como  a Op. 64, Concerto para violino em mi menor (1844) e a imortal Sonho de uma Noite de Verão? Na verdade, nunca saberemos. Mas enternece-me saber-lhe tamanha paixão.
Muito mais tarde, haveriam de cometer a indelicadeza de lhe conotarem as obras com algum  kitsch religioso - lembre-se a Marcha Nupcial, que ainda hoje toca na celebração dos matrimónios. Pessoalmente, considero magistral todo o requinte de Mendelssohn. Sabê-lo tão febril nas suas convicções amorosas, rouba suspiros de qualquer mulher (deixemos a racionalidade de lado durante breves segundos). Foi trágico e insensato a amar, tal como foi genial a criar música.

sábado, 25 de maio de 2013

A sensatez de Jessica Alba e o milagre das listas.





Embora não seja fã do seu trabalho ou mesmo da sua beleza, estaria a cometer uma injustiça se não referisse que Jessica Alba tem o condão de se saber apresentar em eventos públicos com mestria. No Social Star Awards, em Singapura, envergou um midi-dress, tubo, todo listado, de Zuhair Murad.
Jéssica não tem curvas muito femininas nem cinturinha de vespa. Este vestido, apertado nos sítios corretos e com um efeito visual certo - listas curvas na zona da cintura para estreitar e torná-la mais feminina -, fazem verdadeiros milagres. As tonalidades peroladas, caramelo e bege vão lindamente com peles trigueiras, como a sua.
Escolher um vestido tem muito que se lhe diga, mas se conhecermos bem o nosso biótipo, as cores que nos favorecem e se aliarmos a uma modelagem perfeita, a margem de erro torna-se, garantidamente, menor.
 
 

 

Demónios

Referia-se Georgio Vasari a Leonardo DaVinci: "De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu." Criamos lendas em cima de grandes personalidades. É de nossa natureza e pouco nos acalenta mais do que manter digno aquilo no qual acreditamos fervorosamente. Em DaVinci reconheci, para além do inegável talento e inteligência, a delicadeza dos gestos e nobreza das ações. Vi na sua memória o homem que comprava pássaros engaiolados para lhes conceder liberdade - embora possa haver também uma bela ferramenta de trabalho - e no seu vegetarianismo o expoente máximo da graciosidade do seu caráter.
Tom Riley aparece no ecrã, frequentemente, com um patético ar lânguido, faminto por qualquer coisa que ainda não lhe decifrei. Se, na arte de ressuscitar, em Hannibal foram mestres - mérito de Brian Fuller - , em DaVinci Demons  foram pequenos e imbecis - tonterices de David S. Goyer. Não arrasto, quem admiro, na lama, não lhe confiro um arzinho de papalvo, uns trejeitos de jogador de futebol e umas vestimentas escabrosas, de assumido mau gosto. Beijar as musas tontas de Renascença, trata-las com a gentileza de cavalheiro, mas com modos de quem se relaciona com meretrizes, a mim revolve-me as entranhas.

Tentativa e erro de Jennifer Lawrence.



Confesso que embirro com Jennifer Lawrence desde as primeiras aparições no cinema. Não é genial nem é das piores. Segue naquele limbo que me incomoda e irrita-me o óscar ganho sabe-se lá como, contra oponentes de peso, entre elas a amorosa Emmanuelle Riva.
Apesar de loira e do seu tom dourado, não lhe vejo beleza na figura, tem formas grossas e um quê de masculino - atente-se nas poses. Lembra-me aquelas meninas cuja digna ocupação é dançar num palco ao som da música popular portuguesa e de brasileirices descabidas que só em país de gente de mioleira derretida é que pegam como gripe.
Posto isso, tentando ser o mais isenta possível, ao analisar os quatros looks que a menina levou para Cannes, tenho a dizer que entre uns e outros, venha o Diabo e regale-se, porque não lhe quero nenhum. Em quatro aparições, conseguiu o feito de não usar um outfit de jeito.
Entre o mau, destaco o melhorzinho: o branco, Dior - aliás, todos os looks eram Dior - apresenta-se bem modelado ao corpo, não lhe esmaga o busto e tem um quê de interessante, não fosse aquela pedraria/bordado/ou estampa, que não faz ali nada. Os stilettos rosa também têm a sua piada, mas em Jennifer Lawrence, definitivamente, não funcionam.
 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cannes em todo o seu esplendor (continuação)


Como já havia aqui escrito, há uma diferença significativa na forma como as celebridades americanas se apresentam, se comparadas às asiáticas. Prova disso foram os looks escolhidos por Fan Bingbing, Zhang Ziyi, Kitty Zang e  as indianas Aishwarya Rai e  Sonam Kapoor.


Louis Vuitton


Elie Saab



 Ulyana Sergeenko e Elie Saab



Fan Bingbing tem sido das mulheres mais elegantes quando pisa numa passadeira vermelha. Dona de um bom gosto inegável e de um porte imperial, quem não se lembra do belo Marchesa rosa imponente que usou na gala dos Óscares, este ano? Um dia dedicar-lhe-ei um post.
Fan, à semelhança da sua compatriota, Kitty Zhang, envergou uma maravilhoso  Ulyana Sergeenko que, a meu ver, representa o expoente máximo de um vestido de cerimónia - cor elegante, corte irrepreensível, decote esplêndido, a lembrar uma Imperatriz Sissi, sensual e tão feminino que me dói pensar que dificilmente alguma vez poderei vestir algo que lhe chegue aos calcanhares. 










Chanel



Giambattista Valli


 Carolina Herrera



 
Outra senhora que tem uma presença e gosto inconfundíveis é Zhang Ziyi. Pele cândida, traços perfeitos de bonequinha e porte de rainha, fazem dela uma das mulheres mais elegantes em Cannes. O styling é sempre perfeito, tudo muito depurado, as cores ricas, os tecidos nobres e a modelagem milimétrica, são a chave para o sucesso.
O  melhor look tem a assinatura de Karl Lagerfeld, um fantástico Chanel, com apontamentos dourados, com uma espécie de top peplum dramático. A lembrar imenso os vestidos das damas da alta sociedade do início do sés.XX.  
Uma vénia também ao inesperado Giambattista Valli, de cor riquíssima, e a combinação improvável com uns stilettos amarelos.




 
Ulyana Sergeenko

Sem grandes exageros, à semelhança do magnífico vestido de Fan Bingbing, o Ulyana Sergeenko de Kitty Zhang,  usado na cerimónia de abertura, habilita-se a ser mais belo que passou pela passadeira vermelha no 66º Festival de Cinema de Cannes. Esgotam-se-me as palavras para o descrever. Cor luxuriante, tecido rico, modelação perfeita, tudo no devido lugar. Se à perfeição for atribuída uma imagem, esta é forte candidata à vitória.





Abu Jani & Sandeep Khosla


Tarun Tahiliani
 

Sempre considerei que Aishwarya Rai era sobrevalorizada no que toque aos seus atributos físicos. Gabo-lhe a sensatez e o ar exótico. Por outro lado, tenho-a achado mais descuidada com o corpo. Mas isso são outros assuntos.
O sari dourado, riquíssimo, que usou ontem, foi a sua melhor escolha, até agora. Não tem sido particularmente feliz nisso, mas é inegável que o vestido assinado por Abu Jani & Sandeep Khosla, muito bem modelado ao seu corpo, é lindo. Peca por lhe anafar a figura, mas é tão gracioso, rico em detalhes, mas singelo que esquecemos de olhar para isso.

 
 

 Anamika Khanna


Dolce & Gabbana


Na minha opinião, nada fica mais bonito numa mulher indiana do que o seu sari. O Ocidente teima em não adotá-los para looks de gala, mas talvez seja um erro. São magníficos. Este, com bordados que fogem entre um castanho amendoado e um tímido dourado, conferem um ar real. O sari de Sonam Kapoor, todo em rendinhas delicadas, faz-se acompanhar por um casaquinho longo que estrutura os ombros da atriz, conferindo uma elegância ímpar.
Tem sido feliz em todas as escolhas, mas destaco também o magnífico Dolce & Gabbana (nunca deixam uma mulher ficar mal), em seda, na cor cru ou rosa pálido - não consigo definir -, com flores, que é simplesmente um amor. Um reparo apenas no decote do vestido, que me pareceu demasiado apertado, achatando, ligeiramente, o peito de Sonam. De resto, o comprimento, sempre tão difícil de se usar - pelos tornozelos -, ficou-lhe lindamente. Styling perfeito.

Um psicopata convincente.


Poucas personagens ficcionais intrigaram tanto como a de Hannibal Lecter"... célebre personagem de ficção elaborada pelo escritor Thomas Harris, que surgiu pela primeira vez no livro Dragão Vermelho (1981). As aventuras de Hannibal continuaram, no entanto, em O Silêncio dos Inocentes (1991) e Dragão Vermelho (2002) filme e em Hannibal (2001)." *
Quase todos nos sentimos atraídos pelo seu charme incontestável, pela aura de mistério, pelos seus gostos refinados, pela mestria dos gestos e eloquência  do discurso. É, pois, um psicopata, no entanto, do mesmo modo que o real Ted Bundy encantou, Hannibal é mestre no modos. Não disfarça, apenas não conta as verdades profundas, é honesto e visceral, quando o tem que ser. Gosta de música clássica, emociona-se ao ouvir uma aria de Patrick Cassidy, - a belíssima Vide cor Meum , propositadamente composta para o filme Hannibal (2001), de Ridley Scott. Sabe seduzir sem obscenidades, vê a beleza num estado prosaico e abomina a vulgaridade, o mundano e o superficial. Percebe-se que se trata de um senhor de famílias cultas, que traz a herança de uma boa instrução. "Nascido na Lituânia, o seu pai era um conde lituano e a sua mãe pertencia à alta burguesia italiana. Presumivelmente é descendente dos Sforza e dos Visconti: os Sforza eram uma família de governantes temida pelos seus actos cruéis e os Visconti eram uma importante família,da região de Milão, que possuía a alcunha de Dragão Antropófago o que indica que as tendências canibalescas de Hannibal Lecter são uma herança de família." *
Antony Hopkins deixou um legado forte em Hannibal e fê-lo com tal singeleza que poucos acreditaram que Mads Mikkelsen estivesse à altura dele. Mas está. Um Hannibal mais jovem, compleição fantástica, traços glaciais, porte de mármore e um sotaque de leste, ajudam a fazer dele um psicopata convincente.


* Informação retirada daqui.

O Cavalli de Sharon Stone


Quando só se comenta o vestido que Irina Shayk levou para Cannes, que não me suscitou qualquer surpresa - apesar de, habitualmente se apresentar bem, lá fica a máxima de que "quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré" (ditado muito sábio das terras de Vera Cruz) - eu comento o vestido de Sharon Stone.
Primeiro ponto, a senhora é detentora de um porte magnífico e de uma beleza singela, muito elegante, daquelas senhoras que, independentemente da idade do B.I. será sempre uma mulher lindíssima. No entanto, isso não invalida que seja ligeiramente vulgar.
Sharon Stone ficou-se nos eróticos anos 90, nos quais a sua imagem ficaria eternamente associada a uma mulher de índole medíocre, mas de uma beleza arrebatadora. Quem não se lembra do célebre cruzar de pernas, quando a mania das depilações excessivas ainda não havia chegado à América do Norte? Posto isso, claro que poderíamos pensar: mas que género de mulher aceita mostrar tão indecorosamente o órgão sexual? Não estamos propriamente num filme de Bertolucci, com uma Eva Green, poeticamente emoldurada, no deleite da descoberta sexual.
Passado à parte - que inegavelmente nos persegue para sempre - esta senhora poderia ser bem mais contida nas aparições em público. Com 55 anos (como a minha mãe diz, idade suficiente para ter juízo), desfilou por Cannes com este vestido vermelho, assinado por Roberto Cavalli (que perigo!), com um tecido de qualidade dúbia (lembrou-me um elastano qualquer, com brilhos) e umas abertura descabida. Pois que se goste de espalhar sensualidade, muito bem, mas espalhar-se na vulgaridade é coisa bem diferente. Este modelo, com muito bom senso e astúcia, poderia ser usado por uma mulher jovem, de traços delicados e cuidados redobrados. E agora, de repente, lembrei-me  também do Cavalli de Cindy Crawford, usado na cerimónia de abertura, do qual falei no facebook.  
Tonterias à parte, bom senso e maneiras de mulher sofisticada, ficam bem em todo lado e, ser-se uma caricatura de si mesmo não tem a piada que talvez esta senhora possa pensar.
 
  

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um caso sério: Havaianas






Sempre fui, estranhamente, cética com os despretensiosos chinelos de dedo, optando pelas sandálias rasas para os dias de maior calor e até para praia/rio. Desconfortáveis, sensaborões e a roçar no inestético, os chinelos de dedo nunca me convenceram até experimentar um par de Havaianas. Muitos poderão, porventura, pensar «são apenas mais uns chinelos de plástico», no entanto, garanto-vos, se ainda existem dúvidas, que são bem mais do que isso. O material fantástico, uma borracha muito confortável, e o design com boa cara, fazem destes chinelos um caso sério de sucesso.
Não são baratos, no entanto encerram neles toda uma consciência social que devemos cultivar - ecológicos e sustentáveis, são fabricados no Brasil e não algures na Ásia, fruto de mão de obra (por vezes infantil) barata, brutalizada nos seus direitos.

 

Amores bandidos



Para quem é fã, como eu, da série The Walking Dead ou mesmo dos comic books, perceberá, certamente, a minha simpatia pela personagem do Daryl Dixon.
As mulheres são criadas sob um enlevo de romances e tramas, desfasados da realidade, é facto, mas que nos alimentam de paixões platónicas, de simpatias estranhas e de amores bandidos.
Não há mulher que não se sinta atraída pelo salteador, aventureiro, pelo bad boy com uma índole gentil. As boas histórias valem-se disso e alimentam-se ferozmente das fraquezas dos corações femininos. Que nos diga a bela Elena de la Vega - caía de amores por um ladrãozeco -; a cândida e sofrida Sófia, deliciosamente entorpecida pelas palavras viscerais de Rodion Raskólnikov - assassino inconvicto -; ou mesmo Briseis pelo feroz Aquiles.
Nada é mais encantador num homem do que uma natureza aventureira e uma mente divagadora. Torna-se penoso talvez com o tempo, no entanto é o suficiente para entorpecer a alma feminina com devaneios tontos de romances literários.
Todavia, não os confundam com homens de índole grosseira e de baixa estirpe. Estes - os Daryl deste mundo -, pelo contrário, apesar da sua génese algo confusa, são assertivamente íntegros, sinceros nos actos e palavras, acreditando, até ao fim, nos propósitos da sua demanda. Nada têm a ver com leves sombras que pairam, de vez em quando, por aí, enganando com jeitos e maneiras fáceis e palavras travessas.
Por tudo isso, Daryl tem uma legião de fãs pelo mundo inteiro e pode orgulhar-se disso, porque o merece.

Fenómenos estranhos: Kim Kardashian (ou todo o clã)


Há cerca de dois anos, apartada das revistinhas cor de rosa, lá fui descobrindo que havia uma fulana qualquer, muito badalada por terras do Tio Sam, de seu nome Kim Kardashian. Pesquisei alguma informação relacionada com esta senhora e foi, mais ou menos, isto que encontrei: "Kimberly Noel Kardashian, mais conhecida como Kim Kardashian (Los Angeles, 21 de outubro de 1980) é uma modelo, socialite, atriz, empresária, produtora executiva e reality star norte-americana. Filha do falecido e renomado advogado Robert Kardashian, ficou conhecida após protagonizar um vídeo de conteúdo erótico com seu ex-namorado, o rapper Ray J, irmão da cantora Brandy." - retirado do Wikipedia que, estranhamente, nunca é desprovido de informação quando se trata destes assuntos.
Senhoras deste calibre há-as em todo o lado e fazem parte das civilizações desde a sua construção mais elementar. Fazer disso um pilar de benefício social, aparecer nos media, ganhar dinheiro em campanhas cujas marcas têm intuito de usar a fama suja e subjugá-la em seu deleite, apodrecendo a mente das adolescentes e de quem, apesar da já não tão tenra idade, lá ficou, é que já não tem piadinha nenhuma. Serão, certamente os sinais claros que o mundo está diferente. Mas uma coisa é certa: a falta de classe está estampada na cara da maior parte das pessoas e, apesar de haver as que sabem iludir melhor, esta senhora não é certamente detentora dessas habilidades.


Grávida do primeiro filho, apresenta-se nesta figura, no mínimo, desprovida de bom senso e razoabilidade. Vestido bandade - valha-nos o tamanho midi -, justíssimo, alargando-lhe as já vastas formas e fazendo com que o seu rabo assuma mais protagonismo do que o que lhe é permitido. Para terminar, os saltos vertiginosos que, embora possa alegar que são elegantérrimos, não se coadunam com uma mulher em estado de graça.
Espero, sinceramente, que haja mais bom senso por terras lusas.  
 

Cannes em todo o seu esplendor.

Por alturas do 66º Festival de Cinema de Cannes, é possível ver um desfile de criadores à escala mundial. É a altura de investir em visuais arrojados na passadeira vermelha, jogar pelo seguro ou ser ligeiramente mais excêntrico.
Embora todos os anos, exista quem se espalhe ao comprido, as escolhas por terras francesas são sempre, ligeiramente, mais interessantes do que os looks escolhidos para as cerimónias dos Globos ou dos Óscares. Deve-se a isso a influência das culturas europeia e asiática, proeminentes neste circuito.



Chloé
Balenciaga
Lanvin
  

Vionnet
 Dior
Carey Mulligan consta sempre na lista das mulheres mais bem vestidas. Apesar de não ser uma mulher belíssima, sabe tirar partido do corpo de ampulheta mini. Em Cannes apostou, à semelhança do que já é hábito, pelos visuais mais clean e depurados. As tonalidades variam entre o preto e branco, havendo uma predominância evidente para o monocromático. De todos os looks que vos deixo, o único no qual considerei a escolha da atriz menos feliz foi o Dior em seda cru, que usou na cerimónia de abertura do festival. O vestido, porém, é inegavelmente belo e bem moldado ao seu corpo. O problema põe-se com o facto de pessoalmente não gostar das combinações de cores plácidas em peles tão alvas (mais cabelos loiros), a menos que estejamos a falar do branco gélido. Em Carey, definitivamente, "less is more".

 Lanvin

Dior; Alexander McQueen; Dior
Nicole Kidman surpreendeu-me positivamente. É uma senhora que, embora exiba uma excelente forma física e um 'boneco' agradável, surge muitas vezes com escolhas duvidosas que, raramente, fazem alguma coisa pela sua figura direita e atlética.
Todos os looks demonstram um critério exímio de escolha, resultando numa modelagem excelente.  O vestido Lanvin, na minha opinião, ganha, sem grandes duelos, o lugar do pódio. A cor é divina (um misto entre um rosa envelhecido e vermelho desbotado), o tecido esvoaçante e as formas perfeitas de deusa grega, conferiram a Nicole as curvas que lhe faltavam. O styling está de parabéns. Uma vénia também para mais uma imaculada criação do ateliê Alexander McQueen.

Versace


 Givenchy


 Givenchy

Jessica Chastain, apesar de ser sempre uma mulher muito elegante, não esteve à altura daquilo ao qual já nos habituou. O vestido Givenchy, em roxo intenso (que vai lindamente com a sua pele) não sendo propriamente feio, não encanta. Não gosto do pormenor das alças e do decote. É um vestido de cavas (why?!), cheio de pedraria, numa cor rica e luxuriante.
Por sua vez, o Versace branco ou cru - não consigo definir - embora fosse um vestido bonito, não estava bem modelado para o seu corpo. Envelheceu-lhe a figura e roubou-lhe brilho. O colar, que era lindíssimo, também se dispensava sem penas de maior.
Salva-se - e porque a Jéssica é uma mulher lindíssima - o belíssimo vestido branco glaciar, assinado por Givenchy. As alças estrategicamente colocadas na extremidade dos ombros - para não achatar -, o decote fluido, em V - que conferiu elegância e delicadeza ao busto -, e o tecido que caía como uma segunda pele. Excelente modelagem e styling simplesmente perfeito. Porque é assim que uma senhora se deve apresentar em momentos como estes.

Continua...