sábado, 25 de maio de 2013

Demónios

Referia-se Georgio Vasari a Leonardo DaVinci: "De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu." Criamos lendas em cima de grandes personalidades. É de nossa natureza e pouco nos acalenta mais do que manter digno aquilo no qual acreditamos fervorosamente. Em DaVinci reconheci, para além do inegável talento e inteligência, a delicadeza dos gestos e nobreza das ações. Vi na sua memória o homem que comprava pássaros engaiolados para lhes conceder liberdade - embora possa haver também uma bela ferramenta de trabalho - e no seu vegetarianismo o expoente máximo da graciosidade do seu caráter.
Tom Riley aparece no ecrã, frequentemente, com um patético ar lânguido, faminto por qualquer coisa que ainda não lhe decifrei. Se, na arte de ressuscitar, em Hannibal foram mestres - mérito de Brian Fuller - , em DaVinci Demons  foram pequenos e imbecis - tonterices de David S. Goyer. Não arrasto, quem admiro, na lama, não lhe confiro um arzinho de papalvo, uns trejeitos de jogador de futebol e umas vestimentas escabrosas, de assumido mau gosto. Beijar as musas tontas de Renascença, trata-las com a gentileza de cavalheiro, mas com modos de quem se relaciona com meretrizes, a mim revolve-me as entranhas.

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