terça-feira, 22 de setembro de 2015

O inestimável valor da fraternidade





Se se incentivasse a paz com a mesma tenacidade que se fomentam guerrinhas sem importância, o mundo seria um lugar bem melhor. E isto vê-se nas questões mais básicas do quotidiano, assim como nas intervenções mais emergentes, na diplomacia de uma nação. 
Sobre a questão dos refugiados sírios, nota-se bem qual a fibra do povo português. Dos demais, escuso-me falar para não cair nos lugares comuns e fazer como muita gente: opinar genericamente sobre assuntos de natureza muito melindrosa. 
Mas, meus caros, em minha casa, por parte da minha mãe, muito mais generosa do que o meu pai, como, aliás, compete às mulheres, houve a transmissão de ensinamentos básicos de fraternidade. Se houver fartura, pois que se partilhe; se, por outro lado, a miséria nos bater à porta, como diz o outro, onde comem dois, comem três ou quatro. 
Goste-se ou não, os tempos mudaram-nos. Criou-se uma aversão à pobreza, à miséria, aos enjeitados. Outrora dizia-se que na pobreza havia uma certa nobreza de valores, que o dinheiro e o poder nos afetava e corrompia. Na obra de Júlio Diniz, Morgadinha dos Canaviais, talvez a personagem mais nobre dos romances que li, Augusto - a par de Siddhartha Gautam, numa vertente muito mais mística, mas que acaba por cair nos vícios mundanos-, é o símbolo de toda a hombridade, de uma honestidade pura, de uma crença inabalável nos valores e na irrelevância da materialidade. Talvez hoje os Augustos sejam cada vez menos para dar lugar aos imberbes e questionáveis Greys e se tenha substituído a moralidade pela ostentação.
Não sejamos, no entanto, com isso, hipócritas e que não se venda assim, sem mais nem menos, a ideia de que o objetivo supremo será o limiar da pobreza, de forma a captar um nirvana. Mas levantam-se questões mais profundas, de educação, de desenvolvimento humano e de distanciamento pelos mais fracos.
Aqui vos confesso, que esta ganância exacerbada, esta avareza, este desprezo pela vida, em países de um pretensioso estatuto de 1º mundo, me assustam de morte. 


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