terça-feira, 10 de junho de 2014

A busca interminável de Mathilde


Andrey Tautou e Gaspard Ulliel em Un long dimanche de fiançailles, de Jean-Pierre Jeunet

Mathilde é das minhas personagens femininas de estimação. Serena, de aparência frágil, prosaica, discreta, amante dedicada e de tenacidade indestrutível. Predicados mais que suficientes para fazer de uma dama uma guerreira em tempos de necessidade. 
Procurou o seu noivo por longos anos, perdido algures em terreno hostil, por tempos de guerra. Nunca desmoralizou e manteve irrefutável a certeza do seu desvelo. Como Mathilde, muitos de nós o fazem e seguem trilhos construídos envoltos em lembranças felizes, construídas outrora por recriação própria ou fortuna de alguma companhia. Porém, a vida vai passando, o tempo é dilacerante e não raras vezes se vêem pessoas em busca de nadas. Quando Mathilde encontrou Manech, vislumbrou uma leve sombra dos dias felizes que passaram. O jovem não vivia lá, havia morrido com as tormentas da guerra. É preciso muita sabedoria para aceitar o que a fortuna nos dá, mas também para aceitar o que nos tira, pelo que resta-nos, intrinsecamente, buscar os desejos mais profundos e achar alguma expedita maneira de os realizar. Há pessoas que valem o esforço. Mathilde cria que Manech valeu os anos de tormenta, mas a busca, talvez seja interminável. 


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