segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O pecado da indiscrição.

Thomas e Sarah, em Downton Abbey.

A par da falta de modéstia, considero a indiscrição uma falha demasiado proeminente para se poder perdoar. 
A modéstia é uma virtude inestimável e, na verdade, não se dissocia assim tanto de um indivíduo decoroso. Por outro lado, alguém que não prima pela modéstia dos actos, que tão bem inclui o saber-se estar e ocupar o devido lugar, não saberá tampouco ser discreto. Quando alguém se mune de tamanhas características, alarmem-se, porque está na hora de fugir. 
Há uns dias, em conversa trivial, alguém me disse que não gostava de deixar as portas de sua casa aberta a qualquer pessoa que estimasse, sob pena do convidado não se esmerar na boa educação e de lhe faltar o recato que a sua condição obriga. Entretanto, lembrei-me, a propósito, que todos nós cometemos a insanidade, de uma ou outra vez, baixar a guarda e deixar-se atropelar por conhecidos pouco amigáveis, por assim dizer. Conheci almas, para mal dos meus pecados, mais do que duas ou três, que comentavam alegremente, em voz estridente para serem bem ouvidas, que em casa de Fulano se comia isto e aquilo, que em casa de Sicrano se passava assado e cozido... 
Se em boa verdade, nem todos fomos afortunados com uma educação exímia e que atire a primeira pedra quem nunca pecou, também é verdade que há uma obrigação tanto ao nível moral como social de nos polirmos. Não se aprende em dois dias, mas não leva uma vida, como alguns possam pensar. Como se diz por aí, mais vale tarde do que nunca. 

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