sexta-feira, 12 de julho de 2013

A condessa malvada ou uma tramóia muito bem elaborada?

    Julie Delpy em The Countess
Já lá vai um bom tempo desde que vi o The Countess (2009), de Julie Delpy. O trama passa-se na Hungria sombria do séc. XVII, e centra-se na personagem de de Erzsébet Báthory, uma das mulheres mais ricas do seu país, a quem o Rei húngaro, Matias II, devia avultadas quantias de dinheiro e que fica viúva, por tormentas da guerra contra as iniciativas turcas, demasiado cedo.
Foquemo-nos no filme e temos, realmente, a figura de uma mulher das trevas, que se banhava em sangue de virgens para fazer perdurar a sua inegável beleza através da receita da juventude. Em Erzsébet é possível vislumbrar uma paixão febril por um nobre substancialmente mais jovem que lhe destroça o coração quando é obrigado a casar com uma outra mulher, de dezassete anos. Por vezes, o amor torna-nos miseráveis e maquiavélicos. Talvez tenha despoletado uma patologia sanguinária na condessa húngara, que abre a sangue frio, uma ferida no seio esquerdo para guardar, para a eternidade, junto do seu coração, irremediavelmente perdido de amor, uma mecha de cabelo do jovem Thurzo. É tudo isso de uma lugubridade tão fria, de uma tristeza cortante, que seria impossível não criar laços com Erzsébet.
O final da senhora, talvez levada sob uma tramoia ordinária de eventos que a ela lhe foram alheios, sob o auspício da usurpação da sua elevada riqueza, teria sido o confinar acutilante dentro de quatro paredes sombrias, sem resquícios de sol para lhe aquecer as faces moídas pelas choros constantes. Diz-se que mordeu o próprio pulso e sentenciou-se assim, de forma tão fatalista, à morte.


Julgamento faccioso?
"No julgamento de Isabel, não foram apresentadas provas sobre as torturas e mortes, baseando-se toda a acusação no relato de testemunhas. Foi encontrado um diário no quarto da condessa, no qual estavam registrados os nomes de cada vítima de Báthory com sua própria letra. Após sua morte, os registros de seus julgamentos foram lacrados, porque a revelação de suas atividades constituiriam um escândalo para a comunidade húngara reinante. O rei húngaro Matias II proibiu que se mencionasse seu nome nos círculos sociais."

"Não foi senão cem anos mais tarde que um padre jesuíta, László Turoczy, localizou alguns documentos originais do julgamento e recolheu histórias que circulavam entre os habitantes de Čachtice. Turoczy incluiu um relato de sua vida no livro que escreveu sobre a história da Hungria. Seu livro sugeria a possibilidade de 'Isabel' ter-se banhado em sangue. Publicado no ano de 1720, o livro surgiu durante uma onda de interesse pelo vampirismo na Europa oriental. Assim começou a espalhar-se o mito de que 'Isabel' eventualmente bebia e se banhava no sangue das meninas que matava."*
 * Informação retirada daqui.

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