sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Caras senhoras, o rancor deixa-nos velhas.


Jessica Chastain em The Help, de Tate Taylor. 
É bem sabido que as mulheres são mais rancorosas do que o sexo oposto. Talvez tal se deva ao facto de pensarem mais seriamente na vida, de fazerem planos a longo prazo mais detalhados, de carregarem o mundo às costas, com responsabilidades profissionais, familiares e sociais. A verdade é que tudo é exigido a uma senhora - que seja mãe, que seja recatada, esposa dedicada, profissional exímia, dona de casa por excelência, enfim uma maçada. 
Aos homens pede-se que usem das suas habilidades para serem bons profissionais, para gerarem lucros e pouco mais. Se é um estroina, é um doidivanas, um tolo jubiloso, nada que não estejamos habituados, não se quer prender, faz ele muito bem e outras frases feitas que se tornam sensaboronas de tanto mau uso. 
Se uma mulher gosta de si ao ponto de, não esquecendo a sensibilidade e bom senso, - que faço sempre questão de relembrar - não se sujeitar a demandas masculinas, a tolices de sogras, a berreiros de crianças mal acostumadas, a uma casa sob os seus comandos, mas onde não reina sozinha, já é uma tola, não se sabe o que a fulana quer da vida, uma desgraçada, perdida no mundo
Não há pachorra para tanta sensaboria portuguesa. Eu bem que me borrifo para essas exigências e vivo a vida da forma que entendo por mais proveitosa para mim. 
Nunca fui pessoa de grandes rancores. Vai de acontecer alguma ordinarice contra a minha pessoa, e sou capaz de explodir com parcimónia, pensar no assunto e afastar-me como manda o bom senso. O amor próprio manda lembranças a muita senhora, mas comigo não vai passear para longe. Talvez por isso, não seja dada a sentimentos pequenos, a rancores, a quezílias sem fundamento, onde não há algozes ou vítimas, apenas circunstâncias e pouco savoir faire da outra parte. Mas que haverá uma senhora de fazer? Envelhecer a matutar no assunto? Nâo me parece. Pois que tenho para mim o objectivo de envelhecer com sabedoria, muito fair play e boa disposição. Não há tempo para mesquinhez. Oitenta anos passam a correr e não me dou a canseiras dessas. 

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