sexta-feira, 10 de abril de 2015

Certas coisas que só às mulheres interessam.

Embora haja aquelas a quem isso passa bem ao lado, desde que o mundo é mundo, a mulher sempre demonstrou interesse pelos artefactos decorativos. As nossas ancestrais, gostavam de trazer pedrinhas esculpidas em forma de gota invertida ao pescoço ou ossos mais delicados de animais, para embelezar e iluminar os seus rostos brutos. 
Grace Kelly tão atual, com uma blusa, umas calças de alfaiataria, um cinto masculino e umas alpercatas. Possivelmente, uma toilette de fim de semana em família. 
Portanto, inventar pequenas histórias de amor por produtos de vestuário, marroquinaria, joalharia ou, este de grande fascínio, calçado, é plenamente normal. Anormal, desculpem-me os que discordarão, é não passar nenhum cavaco a isso. Questões de carteira, essas é que se tornam incontornáveis. Mas, vejamos, a título de exemplo, a minha avó paterna, mulher de vida agreste, que nasceu com uns genes fabulosos, fartas madeixas loiras de sol, olhos azuis e uma tez dourada lindíssima, apesar da lavoura, sempre gostou de uma boa água de colónia, de uma carteira bonita e de roupa alegre. O dinheiro não era muito e, para mal dos seus pecados, o meu avó não era homem de grandes paciências, mas lá lhe fazia, muito de vez em quando, uma vontade. Nas épocas festivas, gostava de usar o cabelo apanhado, uma blusinha rendada, muito vitoriana, e um tailleur vermelho. Tinha pouca roupa, mas emprestava-lhe uma luminosidade irrepreensível. Dessa forma, perdoavam-se-lhe os erros de styling. A vida é para aproveitar e há, efetivamente, quem não saiba ou não possa fazer melhor. 

Léa Seydoux com uma toilette de linhas clássicas, com um padrão muito atual. Nota de mérito para o cabelo da atriz que está sempre perfeito. 

Felizmente, provas da passagem do tempo, hoje as senhoras têm uma variedade de bens de consumo disponíveis a preços simpáticos. No entanto, cometem-se erros mais grosseiros do que há 50 anos. Quando há muito por onde escolher, é mais fácil escorregar no que não se deve. É elementar. Não me canso de dizer que a chave para o sucesso está no respeito pelos clássicos. Juntar uma peça de vanguarda com algo instituído como exemplar, há décadas, raramente dá para o torto. Há quem o faça com mestria e há quem passe a vida a tentar. Mal por mal, creio que o maior pecado é não parar 10 minutos por dia para se olhar ao espelho, para retocar a maquilhagem e ajeitar o cabelo. 

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