segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Má vizinhança.


Julliete Lewis em The 4th floor, de Josh Klausner.

Já não é de hoje que tenho conhecimento do tipo de pessoas que habitam o prédio onde vivo. Maioritariamente indivíduos de baixa instrução, gente rude, com jeitos e manias do português falido. Também há gente de bem. Um casal simpático no primeiro andar - uma senhora de falas elegantes e um senhor muito polido -, mas fica-se por aí. 
Ultimamente, o vizinho de baixo, incitado pela neurose e histeria da esposa, maça-me com assuntos pequenos e enfadonhos, do género ouvi-mo-la falar durante a noite, o volume da televisão está alto, evite usar o autoclismo (a sério?) e outros disparates de dimensão anedótica.
Ora está uma senhora descansada na sua vida, com os dois gatos e a cadela, sem ter até com quem conversar, usando de um quotidiano totalmente natural, sem disparates e embirrices à mistura, e leva com a boçalidade. Não há pachorra. No entanto, o que me exalta os nervos é o facto de saber que a senhora do andar de baixo tem dado um uso muito pouco nobre ao buraquinho da fechadura e escrutina a minha rotina. O marido, no alto da sua insignificância brejeira, teve o desplante de vociferar que havia chegado às tantas horas da noite, que usei saltos ao subir as escadas do prédio, que até me descalcei à porta, mas que acordei a senhora psicótica que divide a casa consigo. Para o que eu haveria de estar reservada, caros leitores. 
Vai daí, é impossível não me lembrar do The 4th floor, de Josh Klausner, eu, pois claro na pele de Julliete Lewis e os meus estimadíssimos vizinhos do andar de baixo na pele de, façamos figas, algo menos assustador do que o psicopata das múmias. 

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