domingo, 26 de janeiro de 2014

O poder das memórias.


Hoje li um artigo interessante sobre o poder dos artefactos no quotidiano de cada um de nós. Consta que damos mais valor, criamos uma relação mais íntima com a nossa torradeira do que com uma estátua polida que temos na sala de jantar. Faz sentido se entendermos que cada um de nós atribui um valor distinto aos seus objectos. Lembrei-me que, para a minha avó, uma senhora sem instrução, lhe é mais querida aquela panela de ferro onde cozinhou a sopa para os oito filhos, do que uma pintura de Botticelli que ela contemplaria, iria considerar o apogeu da beleza, uma verdadeira riqueza, mas que nele não encerra memórias das emoções de 78 anos de vida. Somos regidos por elas. Guardo, religiosamente, os bilhetes de um festival onde actuaram os Franz Ferdinand, tal como guardo o recibo de um jantar inesquecível, assim como guardo uma flor seca, oferecida por alguém por quem nutro verdadeira apreciação. Coisas que, à partida não teriam qualquer valor monetário, no entanto que pautam a vida de uma forma mais humana. 
As necessidades contemporâneas ditam que um designer, quando projecta, não o pode fazer num sentido meramente funcional e belo, deve, pois, fazê-lo também para promover emoções, para criar laços com o utilizador e autenticar-se como um agente de interação social. 

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